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Rapublica capa

Rapública está de volta

Veja e ouça aqui: https://rapublica.lnk.to/p8Mxh0mXPR

Poderia tratar-se apenas da reedição, da republicação, mas é muito mais do que isso. A partir de dia 25 de Novembro, podemos encontrar pela primeira vez em vinil e disponível nas plataformas digitais um dos discos históricos do triunfante caminho percorrido pela música portuguesa desde a década de noventa até aos dias de hoje. Poder, hoje, sentir e segurar nas mãos um exemplar em vinil da compilação Rapública, lançada originalmente em 1994, é quase como receber uma medalha, um troféu, uma bandeira para hastear ao vento e gritar a plenos pulmões: conseguimos!

Juntamente com as primeiras edições dos Mind Da Gap, General D ou Da Weasel estamos perante o embrião nacional daquela que é hoje a principal força motriz da música que por cá se cria: o Rap, ou se preferirem, a banda sonora do que é o Hip Hop.

E o que é mais incrível é que todos, ou quase todos, os fundamentos da génese desta Rapública estão hoje e ainda mais na ordem do dia. O racismo, a inclusão, a diversidade, a luta contra as desigualdades, o direito à diferença, sustentam boa parte das rimas com que os sete grupos aqui presentes brindaram as catorze faixas (duas por cada um dos envolvidos) que constituem o disco. Musicalmente apontavam numa direção muito diferente daquela que era prática corrente na altura em Portugal. Uma nação Pop/Rock, onde a língua portuguesa era ainda um problema de expressão e em que o clã musical lutava contra preconceitos latentes e procurava os meios certos para poder ombrear com a legião estrangeira. Estes ventos novos e de mudança fugiam às regras instituídas, e tiveram que passar vários anos até que deixasse de parecer estranho ou impraticável que um artista ou um grupo se pudesse apresentar em palco, sem o habitual trio de guitarra, baixo e bateria. 

É certo que a sonoridade apresentada nesta Rapública que agora celebramos, com toda a razão e mérito, além de representar um género novo (em Portugal) e pouco (re)conhecido pelo grande público, é também reveladora de inexperiência. Ninguém nasce ensinado e no que toca à produção, a boa vontade e o voluntarismo, não chegam. Mais ainda quando os artistas em questão nunca tinham pisado um estúdio profissional e tiveram que o fazer em tempo recorde. A ideia que sustentava todo o projeto era a de aproveitar o momento, político, sociológico, musical, tudo tinha que acontecer rapidamente. Se fizermos uma analogia com o jornalismo, poderemos dizer que esta compilação é uma reportagem feita em direto, de câmara ao ombro, em que é preciso dizer tudo nos dois minutos que a redacção nos disponibilizou, e não uma peça de investigação, uma grande reportagem, com muita pesquisa e trabalho de campo, completada em estúdio, com imagens e sons escolhidos a dedo, depois de horas e horas de edição. 

Rapública, com todas as imperfeições e limitações, soube captar esse momento único, irrepetível, representando hoje e para sempre, um marco no caminho longo e por vezes bem tortuoso que levou à inscrição do Rap, do Hip Hop, no quadro de honra da música portuguesa. Atualmente, vivem-se dias de glória e reconhecimento público, mas nunca é de mais lembrar quem ajudou a tornar isso possível. Quem abriu o caminho. A edição em vinil, bem como a disponibilização do disco nas plataformas digitais, é por isso um prémio de reconhecimento aos pioneiros que nela tomaram parte.

Muito obrigado aos Black CompanyZona DreadFunky DBoss ACNew TribeLíderes da Nova Mensagem e Family!

Viva a Rapública!