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“CORAÇÕES RÁPIDOS” SAI EM ANTECIPAÇÃO A “PASSA-MONTANHAS”
“Corações Rápidos” é o tema que os Linda Martini dão a conhecer hoje, já disponível em todas as plataformas digitais, em antecipação ao novo álbum ‘PASSA-MONTANHAS’, que sai já esta sexta-feira, 24 de Janeiro. É a canção mais rápida do álbum. É a soberba da juventude e o cinismo da meia-idade, representados num videoclipe realizado por Paulo Segadães com videoarte de Fred Rompante.
Os Linda Martini estão de regresso aos álbuns com ‘PASSA-MONTANHAS’, o primeiro a contar com a participação plena do guitarrista Rui Carvalho (AKA Filho da Mãe), que se juntou a André Henriques, Cláudia Guerreiro e Hélio Morais em 2022.
Foi aliás já com Rui Carvalho a bordo que fizeram a digressão do álbum anterior, ‘ERRÔR’, e os concertos de celebração dos 20 anos de banda. As muitas horas passadas na estrada apenas aumentaram a vontade de experimentar coisas novas em conjunto, finalmente materializada neste novo disco, que começou a ser desenhado em maio de 2023, quando o quarteto se trancou, durante uma semana, numa residência artística no Serra – espaço cultural, em Leiria.
Seguiu-se o processo habitual de ensaios e composição sobre esse material em bruto, depurado até à forma final das canções que compõem ‘PASSA-MONTANHAS’, um disco gravado no meio das montanhas da Catalunha, por entre vinhas e cavalos, com o produtor e “amigo” Santi Garcia.
O resultado final é uma reflexão sobre o que é ser uma banda há mais de duas décadas. Como se mantém a bola no ar e como nos sentimos quando ela cai. Sobre o estado das coisas no geral e o atual estado de espírito dos Linda Martini em particular, sobre estados de graça e também algumas coisas sem graça nenhuma.
E, não sendo um álbum conceptual, há, todavia, uma ideia que persiste ao longo de todo o disco: “conversar melhor”, sendo este diálogo agora alargado a um novo elemento. Afinal, talvez seja mesmo isso que se procura, quando quatro pessoas se fecham voluntariamente numa sala e esperam sair de lá com qualquer coisa que não existia antes de entrarem.
Duas décadas depois, é caso para perguntar: que banda são hoje os Linda Martini?
A melhor resposta é dada, como sempre, pelas novas canções, através das quais se desvendam os novos caminhos que a banda está atualmente a desbravar – mais íntimos, mas não menos intensos.
‘PASSA-MONTANHAS’ será, porventura, um dos mais pesados e emotivos álbuns dos Linda Martini o que, 20 anos depois, não deixa de ser assinalável. Em temas como ‘Uma Banda’ há essa reflexão sobre o que é mesmo isso de ser uma banda, enquanto faixas como ‘Corações Rápidos’ ou ‘A Mão como a Maré’ remetem para a passagem do tempo e para as consequentes mudanças daí decorrentes, até ao nível das relações interpessoais entre os seus membros.
Pelo meio, provavelmente também sinal dos tempos mais atuais, há ainda algumas das canções mais interventivas e políticas algumas vez feitas pelos Linda Martini. É o caso de “Faz-se de Luz”, de “A Cantiga É” (na qual o espírito de José Mário Branco paira do princípio ao fim) ou de “O Cão Tinhoso”, que funciona quase como um diálogo com o clássico “Avô Cavernoso”, de Zeca Afonso. “Abram alas para ver aí que belo par”, ouve-se a dada altura, numa referência ao avô cavernoso e o cão tinhoso – o ditador e o novo pretendente.
Nesta categoria entram também ‘Meu Deus’, que fala do grande capital e de quem decide fazer a guerra ou a paz; ou ‘Pé de Guerra’, a remeter para uma sociedade cada mais polarizada e com necessidade de, mais uma vez, “conversar melhor”.
Ou seja, se o ponto de partida foi um olhar sobre a própria banda, motivado pela entrada de um novo membro, que obrigou os Linda Martini a fecharem-se sobre si mesmos, esse processo de reflexão e diálogo obrigou-os também a ter uma visão mais abrangente para o mundo à sua volta.
A consequência deste “conversar melhor”, tanto para dentro como para fora, foi um disco com duas partes distintas, quase como se fossem um lado A e um lado B de antigamente: um centrado no universo mais interior da banda e outro com um olhar mais aberto – e não menos crítico – sobre tudo o que a rodeia.
O mesmo conceito está por trás da capa e do próprio título do álbum, que remete para a adolescência da banda na linha de Sintra, nos anos 90, quando o líder de um gang juvenil se mascarou com um Passa-Montanhas para aterrorizar os membros de outros grupos, criando assim um inimigo comum fictício e unindo antigos adversários para o derrotar.
É caso para dizer que, passadas duas décadas, os Linda Martini podem já não ser os mesmos, mas mantêm-se tão honestos, essenciais e atuais como sempre – basta ouvir ‘PASSA-MONTANHAS’ para o perceber de imediato.
‘PASSA-MONTANHAS’ é apresentado ao vivo a 31 de janeiro no LAV, em Lisboa, e a 1 de fevereiro no Hard Club, no Porto.