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SÍLVIA PÉREZ CRUZ INICIA AMANHÃ DIGRESSÃO PELO NOSSO PAÍS

Sílvia Pérez Cruz inicia amanhã a sua digressão pelo nosso país com concertos marcados para Lisboa, Coimbra e Porto. A cantora catalã vem apresentar ao vivo o mais recente disco “Toda la vida, un día”.

“Mi ultima canción triste” é uma aproximação do bolero que a Sílvia criou a pensar precisamente em Lafourcade, com quem viveu três dias maravilhosos. “Tivemos momentos incríveis no seu estúdio em Coatepec, no México, quase na Noite dos Mortos”. A letra é composta por duas décimas, um tipo de verso de dez versos que só existe em espanhol e que a artista catalã aprendeu com Jorge Drexler: “Depois de o ouvir falar tanto sobre eles, fui encorajado a compô-los”.

21 músicas, 69 minutos, 90 músicos… Tudo é grande no álbum e tudo se reduz ao mesmo tempo àquele círculo que é a vida do seu ponto de vista. “Cada um dos cinco movimentos representa uma etapa: infância, juventude, maturidade, velhice e renascimento, porque quero que seja circular, por isso a capa é um círculo e é por isso que gostava de terminar com uma canção de embalar”, explica a cantora e compositora catalã.

“Toda la vida, un día” é uma reflexão sobre a vida e a morte, mas a morte como um passo de transformação. Cada movimento tem um som diferente: nos instrumentos, nos arranjos, na produção… A primeira – a infância – é mais brilhante, mais gentil. O segundo, Juventud, é mais experimental, com sintetizadores e autotune. No terceiro, Maturidade, apresenta-se em duetos, “para representar aquele momento de intimidade em que cada um escolhe o que quer”. A velhice é mais clássica, com mais peso de som e cordas, e o Renascimento é o mais rítmico e alegre de todos os movimentos, baseado principalmente na percussão e na voz.

Um coro de 30 vozes amigáveis também aparece ao longo do álbum, simbolizando esse tipo de solidão coletiva que se espalhou durante a pandemia. “Compor é um ato de solidão e, durante o confinamento, foi ainda mais. Queria representar essa soma de solidão, tudo o que partilhamos. Esse coro seríamos todos nós”, diz Sílvia.

As ilustrações de Borja Cámara captam estas diferentes fases da vida: “É como uma história, arranjada com cores, para que a viagem seja mais clara.” É também um álbum extremamente pessoal, com composição, arranjo e produção próprios, em que sentiu aquele tipo de regeneração que descreve criando letras e harmonias. Nasceu em confinamento, sim, mas modelou e gravou durante um ano em diferentes cidades, de Barcelona a Buenos Aires, passando pela Cidade do México e Havana.

Em “Toda la vida, un día”, Sílvia Pérez Cruz viaja do acústico ao clássico; Há ventos, toca saxofone, procura sonoridades novas e mais ásperas… Há também a intimidade do habitual duo de guitarras e convidados de luxo: Juan Quintero, Natalia Lafourcade, Liliana Herrero, Carmen Linares, Pepe Habichuela, Salvador Sobral, vozes infantis…

Seria o primeiro álbum de Sílvia Pérez Cruz após a sua recente assinatura com a Sony Music. Protagonista de mais de uma década de projetos arriscados e ecléticos, a catalã recebeu em 2022 o Prémio Nacional de Música Atual 2022, atribuído pelo Ministério da Cultura em reconhecimento do “seu compromisso inabalável com a beleza” e “a qualidade criativa e interpretativa da sua carreira”.

Ela é detentora de outros prémios, como o Pop Eye al Duende 2022 e o Prêmio Pávez de Melhor Trilha Sonora. Ganhou um Goya de Melhor Canção Original por Ai, ai, ai, do filme Cerca de tu casa (2016), no qual também participa como atriz. Seu desempenho foi reconhecido com uma indicação Goya para Melhor Nova Atriz.

Os bilhetes para os quatro concertos estão à venda nos locais habituais.