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Chyna Town
Bem-vindos à ‘Chynatown’, o domínio de Chyna. Neste território, há um rapper que não quer viver apenas da música, mas vive sobretudo a música. Nele, habitam todas as emoções universais de quem faz porque quer e sente. Demónios, angústias e incertezas, mas também o labor diário, a ambição e o sonho. E o amor, combustível indispensável ao funcionamento da mais importante de todas as máquinas, o coração.
Crescer não acontece sem dor e ‘Chynatown’ é a foto mais fiel e reveladora de todas as facetas de João Silva neste momento. “Perder faz parte da jornada mas não do destino”, fala a voz da consciência em ‘Blindado’, relato sem filtros de um quotidiano entre 2745, o GPS residencial de Massamá, e 1542, o número do alvéolo do parque de campismo onde sempre passou férias, e serviu de ponto de encontro de reinação entre amigos.
Mas atenção às ilusões de ótica. “Se queres saber o que eu passei não podes ouvir um só verso”, previne Chyna, nesse que foi um dos singles do EP agora estreado. “Caparica não é só para o bronze”, adverte com as defesas em alta em ‘Blindado’. O respeito não se compra e há uma missão a cumprir. Chyna está cá desde os 14 anos e a ‘Chynatown’ é território em crescimento natural.
O futuro é agora. “Não há tempo para esperar”, diz-nos em ‘Amanhã’, consciente de que a fome de ganhar implica ir a jogo. Perder é um dos resultados possíveis, mas ‘Depois da Tempestade’ vem a necessária superação. E Chyna tem no rap o terreno da superação.
Este EP encerra um ciclo e traz-nos um Chyna cada vez mais preparado para voar, mas com os pés bem vincados no chão. Solo onde é ele quem redige as leis. Uma ‘Chynatown’ povoada por histórias de quem põe a vida nas rimas e faz da música uma narrativa demasiado vivida para ser dissimulada.
Há também um vídeo para vermos a ‘Chynatown’ de olhos bem abertos. ‘Fica’, produzida por D’Ay, é o single de coração cheio, sem medo de contemplar a luz no escuro e apreciar a calma entre o barulho. O elogio do amor e do companheirismo, de quem vive na batalha mas que, no final do dia, sabe baixar as armas e deixar-se cair nos braços.